sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Tenho Saudades

Tenho saudades de quando tudo era mais leve. As responsabilidades, as noites mal dormidas, os quilos a menos e não a mais, os risos a todo o instante, o achar graça às mais pequenas coisas.
Tenho saudades das amigas que agora cresceram e casaram, construindo as suas próprias vidas e que agora pouco tempo têm para passar horas numa esplanada a conversar sobre coisa nenhuma.
Tenho saudades dos almoços na Mexicana em que se conversava sobre amor e perspectivávamos o nosso futuro ao lado de alguém que ainda não existia. Almoços esses seguidos de uma sessão de cinema no King. Por falar nisso, tenho saudades dos cinemas de Lisboa, fora dos centros comerciais.
Tenho saudades das viagens programadas em cima da hora.
Tenho saudades do Miguel Esteves Cardoso e da Causa das Coisas. Dos GNR de antigamente, quando as letras sem sentido do Rui Reininho pareciam a melhor música do mundo.
Tenho saudades do Bananas e da música Hard Rock. Das matinés no Crazy Nights em que se dançavam slows ao sim da Tracy Chapman, do Phil Collins, do Bryan Adams e tudo aquilo era emocionante demais.
Tenho saudades do Dartacão, do Verão Azul, do Duarte e Companhia, do Alf, do Quem Sai aos Seus, da Dinastia. Das séries de quando havia poucas séries, de quando a televisão não era o principal passatempo...
Tenho saudades de andar de bicicleta na rua com as minhas amigas, de ficar sentada nas escadas da rua do meu prédio em Lisboa a ver as pessoas passarem e a falar sobre um mundo de coisas.
Tenho saudades de saltar no jogo do elástico, do jogo do mundo.
Tenho saudades do S.João de Brito e de voltar a pé para casa com as minhas colegas depois das aulas.
Tenho saudades de escrever no meu diário (se bem que agora escrevo aqui, mas o computador não tem as folhas perfumadas nem um cadeado com uma mini chave). Tenho saudades de começar a frase por: "Meu Querido Diário, hoje..." E a coisa mais emocionante era descrever a minha ida à praia.
Tenho saudades das escapadelas à noite para namorar, dos beijos roubados à porta de casa, de andar de metro e de autocarro, do Bairro Alto, do Tacão Grande, das imperiais, dos pontapés na c*** do Arroz Doce. Do Perfil. Tenho saudades de não medir consequências, de agir por puro impulso só porque sim.
Tenho saudades de tudo o que já fui. Mas sei que aquilo que sou tem tudo isso cá dentro, por isso continuo a sorrir.


*Já tinha publicado este texto muito no princípio, mas hoje voltei a sentir-me asim.

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