quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sangue Fresco

Caiu uma avioneta em Castro Verde e parece que morreram todos os passageiros. Mas os nossos queridos jornalistas, não contentes com as imagens do aparelho destruído, tiveram que fazer um grande plano do sangue num dos assentos da aeronave.
Há um acidente grave numa qualquer estrada do país, aí vão os repórteres de imagem a espumarem pelo belo do destroço e é claro que além de captarem as imagens do carro feito em fanicos decidem que é um belo contributo para a informação, apanharem também o corpo dentro de um saco preto e, claro está, as manchas de sangue no chão, pois ninguém acreditaria que um carro partido em dois e feito numa lata aberta de sardinhas, poderia ter provocado feridos. É preciso o sangue seco para nos fazer acreditar.
Há um tiroteio numa tasca, algures numa vila perdida no interior do país. Além de falar na troca de tiros por motivos passionais, ali está a repórter lado a lado com a mancha de sangue no pavimento.
Ora a minha pergunta é: Porque é que não põem lá o dedinho e provam só para tirar mesmo as teimas de uma vez por todas?

14 comentários:

Anónimo disse...

pois é, e isto ja é assim ha muitos anos. lembro-me de um professor meu de jornalismo televisivo me ter contado uma experiencia absurda, qd eu andava no terceiro ano de jornalismo: apos um grave acidente entre um comercial e um pesado, já os feridos tinham ido embora nas ambulâncias qd chega o reporter (atrasadíssimo para ver as cenas chocantes!!) daquele canal que todos gostamos tanto (vómitoooo!!) e se depara com o reboque a começar a levar os veiculos no seu estado lastimável. nao tem mais nada, paga ao senhor do reboque para o deixar ali mais uns minutos enqnto esperava pela equipa de filmagem... Ah pois é, isto é que é jornalismo!!! e sim, se houve um tiroteio, caiu um aviao, houve um acidente com mortos e feridos, é OBVIO que o sangue é algo k nao passa pela cabeça de uma pessoa, como tal convem mostrar em grande plano...

grrr...

Lia disse...

são esses e os que fazem a cobertura dos incêndios: "então, tudo o que tinha foi destruído pelo fogo! Como se sente neste momento???"
Ai opá, e juizo, não?

Maria disse...

Gente mórbida, pá!

E quando foi aquele acidente em Entre os Rios, lembraste? Só faltava enfiarem-se dentro de água.

A mim surpreende-me que uma classe +rofissional com tanto poder de manobra tenha tão pouco decoro.

bj

Pp_FANTASMA disse...

Como se costuma dizer, para estes meninos, "No news it's bad news".
Ks

Miguel disse...

Concordo que os reporteres são cada vez mais como vampiros que gostam de ver o sangue a correr. Mas não te parece que eles só dão o que o povo pede? Este é, afinal, o país em que se formam filas de transito na faixa contrária ao acidente apenas para se ter um rápido vislumbre do morto ou ferido!!

Only Words disse...

Bom, não venho aqui defender a minha classe, de todo, mas a verdade é que vivemos em plena guerra de audiências e o povo, na sua maioria, prefere ver a notícia onde se vê sangue, corpos e o diabo a quatro, do que ver a notícia limpa, apenas com o essencial para relatar o que se passou, sem cair em puro sensacionalismo. E quer se queira ou não, são as audiências que ajudam a manter um canal de TV de pé (mas não só). Claro que compete à comunicação social educar, mas as pessoas parece que não gostam de ser educadas. Não quero com isto dizer que concordo, de todo! Sou contra esse tipo de exploração visual, da mesma forma que condeno a exploração de sentimentos. Posso aqui partilhar que fui afastada de um jornal nacional porque me recusei a entrevistar os pais de uma criança que havia sido encontrada morta num poço no dia do funeral! Há coisas que me transcendem, mas a verdade é que esta é a comunicação social que existe em Portugal e não só. Se derem uma volta pelos telejornais internacionais, verão que é mais do mesmo ou pior!

Maria disse...

Subscrevo o comentário anterior. É esse género de jornalismo que "vende"..!

Beijinho.

Ana C. disse...

Hannah que tristeza de episódio, mas como esses deve haver milhares...

Ana C. disse...

Lia ou então: O seu filho morreu como é que se sente?
Dava mesmo vontade de responder: Bem comó caraças!

Ana C. disse...

Maria Manuela não me lembres dessa novela em directo, que tristeza...

Ana C. disse...

PP Fantasma que grande frase sim senhor...

Ana C. disse...

Miguel mas as notícias não deviam ser regidas pelas audiências. Já não falo nos canais privados, mas a RTP não pode entrar nessa.

Ana C. disse...

OnlyWords mas é muito triste quando as notícias entram na guerra das audiências. Novelas, séries sensacionalistas, isso sim é para dar o que o povo quer, agora informação????
Pelo menos a RTP devia ficar fora dessa corrida, não achas?

Ana C. disse...

Maria para mal dos nossos pecados...