sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pensamento de raspão

Se a imbecilidade e burrice pagassem imposto, os cofres do Estado estavam a transbordar e acabava a crise.

Porque não há outra maneira de dizer isto: Doença filha da puta

Não escolhe idades, credos, feitios bons, ou maus. Não olha à importância de alguém na vida dos outros, não quer saber do antes, nem do depois. Chega muitas vezes em silêncio, como um ladrão que protege a sua conduta pelo escuro da noite e quando se dá por ela, já está escondida por todos os cantos.
Causa um sofrimento físico atroz na tentativa, muitas vezes vã, de a combater.
Há várias vertentes desta doença e quando ouvimos que ela se instalou num lugar em particular, sentimos que não vai valer a pena a luta, mas a esperança acende, apaga e reacende nos olhos de quem leva a doença dentro de si, de quem a sente crescer apesar de tudo, de quem sente o seu corpo ceder a essa besta que o consome dia após dia.
De todas as doenças, de todos os males e de todas as mortes, há esta que me enerva em particular.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nós

A rotina, as tarefas diárias que desgastam, o cansaço, o comodismo, o pouco tempo para nós, conduzem-nos muitas vezes a uma distância que não pedimos. Chegamos ao final do dia e queremos apenas vegetar. Sim, eu sei que está tudo errado, que as super mulheres e as super mães arranjam sempre forças para serem sexys, bombásticas, carinhosas e amorosas com os maridos. Mas muitas são as noites em que adormeço mesmo antes de chegar à cama e em que sinto tanta vontade de me produzir, como de ir arrancar um dente a sangue frio.
Também são muitos os dias em que mesmo quando a pergunta é simples, a resposta sai torta. Mas tudo isto se explica, tudo isto tem forma e justificação, não é nada que chegue de mansinho e que não consiga nomear.
Só que hoje, quando o vi chegar mais cedo, cansado e encalorado. Tudo para poder levar a filha à praia. Hoje quando vi o olhar meigo dele na direcção da Alice, o coração que pára e dispara ao sabor do coração dos filhos, senti que estava ao lado da pessoa certa e que por muito que desapareçamos em detrimento dos filhos, tenho a certeza absoluta de que ressurgiremos com mais força depois de tudo isto.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Carta ao Filho

A Melissa teve que escrever uma carta ao Gabriel. A escola pediu-lhe que escrevesse umas palavras ao filho e ela escreveu.
Achei uma ideia mágica, que já me ocorreu dezenas de vezes, criei até um espaço onde o faço com alguma frequência, pois para mim não há como perpetuar sentimentos através da palavra escrita.
Enquanto escrevemos sentimos tudo de novo, com uma força sem igual, como se cada palavra nos fizesse reviver, renascer e amar uma e outra vez de todas as vezes que voltarmos a ler o que escrevemos.
Depois acho, talvez com alguma ingenuidade não sei, que eles vão gostar de saber do nosso amor por eles, quando já tiverem idade para entender melhor as coisas do coração.
Por isso em jeito de desafio convidava os que por aqui passam a escreverem uma carta aos vossos filhos (ou a quem quer que ocupe o vosso coração) e a publicarem-na nos vossos espaços.
Eu sei que escreverei em breve mais uma carta para eles e sei também que vou sentir uma imensa dose de conforto quando o fizer.
Experimentem lá e depois digam-me qualquer coisa :)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Melgas

Melgas, zumbido de melgas, comichão de melgas, sensação de melgas, cheiro a asa de melga queimada por quilómetros de voo.
Tudo isto numa casa perto de mim, mais concretamente, na minha própria casa.
Conclusões: Aqueles aparelhos amigos do ambiente que se metem nas tomadas e que emitem sons de baixa frequência não resultam, pelo menos com as melgas da minha zona que devem ser surdas.
Chapadas a mim própria, tentando um flagrante delito não resultam.
Aparelhos inimigos do ambiente com veneno no seu interior resultam, mas as pêgazinhas, conseguem sempre picar antes de sucumbir.
Além deste calor pestilento, odeio tudo o que está associado a ele, melgas incluídas claro.

A Vontade de Ir

Acordei com a sensação de que gostava de sair daqui. Não importava para onde, importava apenas sair.
Na bagagem o suficiente para recomeçar e dentro das minhas mãos apenas as mãos daqueles que amo.
Partiríamos empurrados pela vontade de ir ao encontro de qualquer coisa e adormeceríamos ao som do comboio que balançava suavemente nos carris. A Alice encostada no meu ombro, o António junto ao meu coração e o Hugo de braço enlaçado sobre todos.
Foi assim que acordei hoje, mas cedo percebi que tudo ficaria igual e que a força para sair de dentro dos dias semelhantes, não tinha despertado comigo neste dia demasiado quente.

domingo, 25 de julho de 2010

Cocozando All Day Long

Agora que o meu baby "fala" com os seus brinquedos, chucha no dedo indicador com expressão reflexiva e cruza os pés, como se os baloiçasse descontraidamente nos degraus de um alpendre, podia também fazer cocós num esquema mais ou menos decente e engraçado. Mas não, ele quer ser diferente, por isso decidiu tomar o caminho mais longo da cagada, que é como quem diz, distribuir o mesmo cocó pelas várias horas que compõem um dia.
Senão vejamos, faz um minúsculo de manhã cedo e diz pause, faz outro pequeno a meio da manhã e diz pause, continua depois do almoço e grita pause, mudo-o e assim que se sente fresco, alivia o restinho que tinha ficado, mais ao meio da tarde temos já a segunda parte da cauda da serpente e assim continua largando o seu composto químico até ao anoitecer e a mãe dele, neste caso eu, a trocar fralda atrás de fralda, atrás de fralda, atrás de fralda, atrás de fralda, livrando-o de pequenos e ridículos troços da mesma cagada.
Agora digam-me, porque não largar tudo como uma fartura tamanho xl? Porque não? Eu preferia, juro que preferia dar cabo do assunto com uma pá e um balde, do que andar todo o santo dia de colherzinha de chá.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Biltres

Desculpem lá esta minha nova fixação na Assembleia da República e seus trabalhadores, mas durante a noite, tropeço no AR Tv, esse conhecido canal de entertenimento e não consigo evitar que se me revolvam as entranhas.
Ontem dei de caras com uma Comissão de Acompanhamento para o Ambiente e Planeamento, com a nossa charmosa ministra Passarinha e fiquei catatónica. A conhecida Mamila Jameira (que é como quem diz Jamila Madeira) falava, falava, falava, falava e não dizia rigorosamente, e quando digo rigorosamente é mesmo assim, nada, a ponta de um corno. Passo a exemplificar:
"A questão em discussão é de relevante interesse para o conhecimento mais aprofundado da mesma e logicamente, para que nos inteiremos de tudo a que a questão respeite em questão", ficou nisto horas, entre coçadelas de nariz, qual jogador da bola a ser entrevistado. Atrás dela um sujeito enviava SMS non stop, enquanto a eloquente política continuava naquele ram-ram de fazer desesperar o mais paciente dos seres.
Eu só pergunto uma coisa: Somos nós que pagamos aquela verborreia vazia? É do nosso bolso que sai o carcanhol para alimentar comissões sobre nada?
Haja paciência para aturar esta cambada de biltres, haja paciência! Se pudesse corria tudo à bengalada!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma Questão de (des) Respeito

Eu sou um bocado antiquada no que respeita à solenidade de certos cargos públicos. Penso que não há nada a fazer quanto a isto, pois se tenho um lado da caixa torácica idiotamente liberal, o outro lado é estupidamente conservador. Não raras as vezes os dois andam à bulha: Ó porque é que estás a ser tão retrógrado? Diz um lado. E tu, porque é que tens a mania que és p'rá frentex? Responde o outro.
De maneira que o meu lado torácico conservador acha que um deputado, quer pela função que desempenha, quer pela solenidade que reveste o seu local de trabalho (ou pelo menos deveria revestir em teoria), deve vestir-se com o mínimo de decoro.
Não imaginam como me enerva ver alguns deputados, do alto da sua eloquência, aos gritos inflamados, vestidos como se tivessem acabado de chegar de uma pijama party. Vê-se que nem se deram ao trabalho de tirar as nódoas da t-shirt preta desbotada para irem arrotar postas de pescada na Assembleia da República. Desconfio até que não tocam num sabonete há mais tempo do que ouso supor e isso irrita-me, dá-me uma comichão de sujidade psicológica e sinto que quem anda ali a botar sentenças em nome do povo devia pelo menos ter um aspecto lavado.

Sou assim, o que é que se há de fazer...

Quando tenho um desabafo com alguém, a coisa pior que me podem fazer é um grande drama, um teatro brutal em torno de uma situação banal.
Desdramatizem-me, façam-me rir, dêem-me estalos, mas juntarem lenha, querosene e gasolina ao pequeno melodrama interior é que não. Não suporto, fico sem vontade de voltar a desabafar.

Vi a Luz!!!

Hoje fui vacinar o António à Clínica Europa e tenho que vos dizer que andei a dormir durante anos e vi finalmente a luz. Caramba, por 9 euros posso ir tranquilamente entre as 9 e as 18, ser atendida em 5 minutos e usufruir de uma maravilhosa vista sobre o mar.
No final das vacinas, a Alice não quis ir-se embora e ali ficámos na recepção com vista sobre o mar da marginal, eu a beber café de máquina automática, a Alice a jogar um jogo que levou consigo e o António adormecido e em estado de choque.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Este País Não é Para Ninguém Ponto.

No seguimento do meu dia de ontem, hoje continua a saga de ser portuguesa em terras lusas.
Esta manhã pergunto do alto da minha ingenuidade, inocência, ou tacanhice cerebral:
Porque é que não podemos vacinar as crianças em qualquer centro de saúde? Porque é que tem que ser no da área de residência?
Da última vez que fui vacinar o António avisaram-me: No mês que vem vamos entrar em obras, por isso ligue antes de vir para saber onde é que estamos. Então e porque é que não posso ir com ele a outro Centro de Saúde? Ah, sabe é que o processo dele está aqui e não pode ir a outro sítio vaciná-lo. Que grande e rotunda estupidez, penso eu.
Hoje lá telefono para o Centro de Saúde a fim de saber onde raio estão aquelas almas a dar picas. Liguei cerca de 200 vezes, o que as senhoras fazem é atender o telefone e pousá-lo, ficando eu a ouvir as conversas das lesmas ao longe. Grito, insulto, volto a gritar e nada. Ali fica o telefone pousado e a minha raiva e impotência a crescer de forma avassaladora.
Nada é fácil por aqui, mas é que mesmo nada.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Este país não é para bebés/ Desabafo

Estou de gatas, não é de rastos, é de gatas mesmo. Não aguento mais andar pelas ruas de Cascais com o carrinho e a Alice de mão no bolso de trás das minhas calças. Não estou a exagerar, hoje senti que se desse mais um passo me desfazia num monte de ossos na estrada.
Tive que ir aos Correios buscar uma carta registada e o parque onde costumo deixar o carro estava fechado para obras, parei num sítio com parquímetro e percebi que não tinha moedas, abri a porta do carro e a porta raspou no passeio, ficando literalmente presa no chão, devido à inclinação, só consegui desencravá-la a pontapé. Tirei cadeirinha, ovo com António, Alice e fui à procura de um café que me destrocasse uma nota para o parquímetro (zona vermelha), ao descer o passeio na passadeira, a cadeirinha encravou na grelha de esgoto mesmo sobre a passadeira e a Alice tropeçou no gigantesco passeio que antecede essa merda chamada passadeira portuguesa, do outro lado da zebra uma árvore descomunal, abarcando toda a extensão de passeio e bloqueando a passagem, entre socalcos e buracos lá contornei a árvore, só para cair noutro buraco na calçada. Consegui chegar ao café onde me trocaram as moedas e lá empreendi o caminho de volta até ao carro, já com o senhor da Emmel a subir pela rua e a espumar com uma erecção só de ver um carro sem papelinho (o meu). Lá fui de novo até aos correios, tendo que dar uma volta de quilómetros até encontrar uma zona onde pudesse subir com a cadeirinha e quando finalmente vi o conteúdo da carta registada, era uma conta para pagar. Arrasto-me de volta e a Alice diz-me que quer dar uma voltinha por Cascais. Respiro fundo e digo-lhe que sim e lá vamos nós sobre passeios que terminam abruptamente, calçada rebentada e esburacada, inclinações súbitas, onde tenho que andar com a cadeirinha em duas rodas, carros mal parados, um vento ciclónico, buzinas. Um ambiente agressivo, onde é impossível passear-se com prazer, é uma prova de obstáculos pura e simples, finda a qual, a força para repor o ovo no carro e a cadeirinha no porta bagagens simplesmente desapareceu. Só queria sentar-me na beira do passeio e desmaiar.
Nunca fui de andar a dizer mal de Portugal a torto e a direito, mas nestas alturas odeio viver cá, a sério que odeio.
Ontem na loja para crianças Imaginarium, no chão bem no centro do espaço, brinquedos empilhados em exposição, dirigi-me à empregada da loja e disse-lhe que afastasse aquilo dali, que queria passar e não conseguia. Se entrasse ali alguém de cadeira de rodas, como seria?
Ela lá afastou aquela ideia de génio do meu caminho, mas teve que me ver bufar centenas de vezes de cada vez que esbarrava em alguma coisa.
Odeio as nossas lojas, odeio a nossa calçada, odeio a falta de infra-estruturas a pensar nas pessoas com constrangimentos motores. Nada é fácil aqui, nada e eu estou cansada. Cansada ao ponto de começar ao pontapé a tudo o que esteja no meu caminho.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Bicho Peão

Quando conduzo sou bastante civilizada no que diz respeito a peões, mas há certo tipo de pessoal pedonal que me tira do sério, nomeadamente o peão peneirento.
Esta raça de peão é caracterizada por deslizar na passadeira, como se desfilasse na passerele, demora horas infindas a cruzar a estrada e arrasta-se, deixando um rasto de langonha atrás de si, goza connosco, olha-nos de lado enquanto solta risinhos para o telemóvel e hoje quase podia jurar que a top-model feiosa que deixei atravessar na zebra sacou do seu espelhinho de bolso e retocou a maquilhagem enquanto a ursa esperava dentro do carro.

domingo, 18 de julho de 2010

O meu bebé

Tenho curtido muito o meu bebé. Pela primeira vez sozinha com ele conheço-o mais um bocadinho e percebo como tenho andado distraída e pouco atenta a cada pequeno progresso que ele faz, a cada ruído novo, cada olhar ternurento, cada sorriso rasgado e desdentado, o seu cheirinho doce, a sua pele macia e os seus braços em forma de rolinhos que não param quietos.
Hoje deitei-o na minha cama de manhã e deixei que ele ficasse a falar comigo e a puxar-me o nariz, enquanto eu dormia mais uma hora e ele ficou sem chorar, apenas a olhar a cara da mãe adormecida.
Ontem sentámo-nos os dois no sofá de pernas cruzadas, ele encaixado no meu colo e ouvimos dezenas de músicas juntos, sem protestos, sem resmunguices, a casa era nossa e nós um do outro sem divisão de atenção, sem partilha. Ficou completamente louco com a música já antiga da Des'ree "Life".
Temos sido 100% egoístas e vivido apenas de sopas e carinho e eu aprendi um bocadinho mais sobre nós...

sábado, 17 de julho de 2010

Setembro em Mim

Em Setembro vou ver-te de mochila às costas e acenar-te com um sorriso confiante, enquanto te afastas mais um bocadinho de nós.
Em Setembro vais deixar o que foi o nosso mundo durante 4 anos e entrar num mundo onde já não estarei para te proteger a cada instante.
Em Setembro crescerás mais um bocadinho, tal como cresceste em Fevereiro depois do teu irmão ter nascido.
Sei, agora mais do que nunca, que serás sempre a minha menina e que o meu coração baterá sempre ao compasso do teu.
Estou para sempre presa neste feitiço que me lançaram tu e o teu irmão desde o dia em que nasceram, irremediavelmente entrelaçada, enredada nos vossos passos e se umas vezes é a melhor sensação do mundo, outras é uma espécie de abismo sem fim à beira do qual me sento a baloiçar os pés, esperando que a sensação de perda de mim termine.
Os nossos filhos roubam-nos e devolvem-nos a dobrar, arrancam-nos do nosso mundo, para nos atirarem de novo à vida com um simples abraço. Os nossos filhos são a ténue barreira que se sente quando fechamos os olhos e temos a certeza que tudo faz sentido.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Chorar Baba e Ranho

A Alice foi com o pai 3 dias para casa dos meus sogros no Algarve, saíram agora de noite para aproveitarem bem o sábado e eu fiquei aqui com o António nesta casa demasiado silenciosa.
Imaginá-los de carro à noite, noutra casa sem mim, imaginá-los a uma distância superior a 20 quilómetros da minha pessoa deixa-me desolada, pois nunca nos separámos assim ao meio.
E aqui estou eu feita parva à espera que o telemóvel toque e que ele me diga que chegaram bem, para que o meu sono possa chegar.
E aqui estou eu do alto dos meus 35 anos acabados de fazer, agarrada ao coelhinho de peluche que ela me deixou.

Sofrer é Fodido

Sim, eu sei que é importante sofrer para se dar valor às alegrias, que quem não experimenta alguma espécie de sofrimento ao longo da vida, seja ele amoroso, ou de outro nível qualquer, pode tornar-se uma pessoa um bocadinho menos vivida, mas borrifei-me no filosoficamente correcto, se pudesse abolia o sofrimento de toda a gente.
Procurei, a sério que procurei arduamente outra palavra mais bonita para colocar a seguir a sofrimento, mas não encontrei, é que sofrer é definitivamente fodido.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Meio Caminho dos 40

Hoje senti mais uma vez que já não tem graça fazer anos, mas que é bom estar viva e bem de saúde para os fazer.
Hoje senti que a minha filha vibra mais com este 15 de Julho do que eu e isso comoveu-me e fez com que plantasse um sorriso nos lábios por ter alguém que acordasse antes de mim toda excitada por ser o dia do meu aniversário.
Hoje faço 35 e sinto-me com 35, mas por fora obviamente que pareço uma miúda de 20 :)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

No Super, ou na Farmácia?

De cada vez que percorro os corredores de um supermecado tenho a sensação crescente de que me encontro numa farmácia. Hoje por exemplo dei de caras com uma lata de leite condensado "rico em cálcio", outro dia foi a Maionese "Rica em Ómega 3", comer os chocolates Kinder também equivale a beber um copo de leite, é igualzinho. Os cereais de chocolate extra carregados de sacarose e afins também têm montes de vitaminas que ajudam ao crescimento e a treta do leite mimosa infantil também tem muitas letras correspondentes a várias vitaminas, mas vejam só, tem açúcar!!!
Se houver por aí alguém com os níveis de colesterol elevados que vá ao supermecado comprar maionese rica em ómega 3, ou alguém que compre latas de leite condensado pela sua riqueza em cálcio, digam-me por favor que é para eu lhe dar um estalo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

MEC

Outro dia saí no final da tarde para um passeio lúdico, o que nos últimos tempos significa sair sozinha de carro, nem que seja para ir à M24 comprar feijão frade e atum para o jantar, sendo que foi precisamente esse o caso. Enfim, saí, liguei o rádio e antes de mudar a estação, coisa que faço mesmo antes de ouvir o que está a dar, detive-me a escutar aquele tipo que respondia a umas perguntas. Detive-me porque reconheci aquela voz acelerada e meia lunática, polvilhada por dezenas de "não é?" e bafejada pela mais pura das genialidades. No preciso momento em que soube que era o Miguel Esteves Cardoso o alvo da entrevista o meu pé saiu do acelerador e a minha pressa para fazer o jantar eclipsou-se como que por magia.
Ali estava ele a responder a tudo sem filtros, mas ao mesmo tempo naquele tom de boa educação britânica que torna impossível a alguém ouvi-lo sem um sorriso de orelha a orelha.
Entre outras coisas disse que, tirando Agustina, todos os romancistas portugueses eram basicamente uma merda e disse-o como se debicasse um scone e bebericasse o seu chá pelo meio da frase.
Já tinha chegado à bomba de gasolina e em casa as coisas estavam estupidamente atrasadas, mas fiquei ali parada dentro do carro a ouvi-lo falar até ao fim, com uma sensação de pura satisfação por ter aquele tempo para mim.
Dentro do carro, estacionada na M24 eu ouvi o Miguel Esteves Cardoso e senti que os meus neurónios estavam lentamente a encontrar o caminho de volta...

Escolher um médico para nos pôr o filho no mundo

Penso que não há nada mais importante do que a escolha da médica que nos ajudará a pôr os filhos no mundo. Importa a sua competência sim, mas não é menos importante a sua dose de humanidade, simpatia, sensibilidade.
As grávidas são seres complexos, cheios de camadas e níveis de sensibilidade, que precisam de ser apaziguadas a cada consulta. Eu sempre soube isto e sempre quis que fosse a minha médica de sempre a fazer o parto da Alice, mas como ela não fazia partos no hospital que eu queria, troquei-a por uma médica que o fizesse e todas as consultas foram distantes, apáticas, sem telefones trocados, sem nada além de dados de análises e datas agendadas. Nunca tive empatia com ela, mas lá aguentei até ao final, ouvindo-a falar do almoço que tomaria com o anestesista, durante o nascimento da minha primeira filha. Senti-me um número e não gostei, por esse mesmo motivo, quando me soube à espera do segundo filho, não caí na asneira de muitas mães que se fixam no mesmo médico para sempre, criando uma espécie de mito em redor de quem lhes mete os filhos no mundo, seja bom seja mau.
Fiquei com a Dra. Maria João Mendonça e com as suas gargalhadas, partilhas, olhares de cumplicidade. Fiquei com a médica que me tratava sempre pelo primeiro nome, me falava das próprias filhas e da sua vida e me dava dois beijinhos na entrada e na saída.
Fiquei com a médica que me fez festinhas durante a anestesia, que me sorriu assim que entrou na sala de cesarianas, que ligou para o Hugo antes de eu entrar, que me telefonou para o telemóvel assim que soube que eu estava com uma anemia, que disse que odiava ter que me provocar dores, mas que ia ter que sentir o útero, mesmo depois de já ter sido palpada por 234 enfermeiras e médicas que nem abriram a boca durante o palpanço. E, por incrível que pareça, saber que ela sabia que doía como tudo, atenuou a dor.
Eu fiquei com a médica humana e competente, pois quero acreditar que as duas coisas não são incompatíveis de forma alguma.
Mas também sei que há muita gente que não pensa assim, que ainda sofre daquele complexo de inferioridade, que acha que um médico para ser a sério tem que ser frio, não olhar nos olhos e passar a consulta inteira a escrever no processo. Quanto mais distante e inacessível, mais competente e estudioso deve ser.
Se me perguntarem o que prefiro, um médico humano e incompetente, ou um antipático, frio topo de gama, terei que responder: Porque raio tenho eu que escolher entre as duas? Porque não uma terceira alternativa que englobe as melhores características dos dois lados?
Quando é que os médicos vão aprender que um tratamento menos distante é meio caminho andado para que o paciente se sinta mais pessoa e menos algarismo?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Um Quarto Mágico é Possível




Depois de muito hesitar, de muito namorar, virar e revirar a embalagem, duvidar do seu real poder de projecção, de achar e desachar caro, decidi comprar e caraças estou rendida a esta joaninha que projecta estrelas.
A Alice, que tinha uns autocolantes com estrelas fluorescentes sobre a cama e adorava adormecer a olhar aquele pequeno céu improvisado, agora adormece sob um gigante céu estrelado, como só se vê nas noites passadas num qualquer deserto distante (imagino eu) e eu só me apetece ter um céu assim no meu quarto...

domingo, 11 de julho de 2010

Desejo de Dezembro



Quando estou mais cansada quero Dezembro, uma cabana de madeira na montanha, uma lareira acesa, cheiro a bolos, livros e revistas espalhados num gigantesco sofá, café numa caneca, mantimentos na despensa e a família segura perto de mim.
Hoje estive o dia inteiro a pensar que gostava de estar nesse sítio que mora onde imagino e demorar-me lá, como se recuperasse de um longo verão de ruído.
Hoje queria silêncio, interrompido apenas por passos enterrados na neve lá fora e pela respiração sossegada das crianças a dormirem por perto.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fazer do mau bom e seguir em frente

Tenho amigas que agradecem aos pais terem-lhes mostrado como se ama de verdade, sem condições, horários, nem prazos de validade para esticarem uma mão de ajuda, incondicionalmente.
Tenho amigos que me dizem que tudo devem a quem os criou e lhes deu as directrizes de vida, pois na falta de oráculos-guia, recorrem às memórias do que lhes foi passado pelos seus próprios guardiões, os pais.
Conheço quem queira deitar a cabeça no colo da mãe quando tudo o resto falha aos 40 anos porque foi assim que sempre fez desde menino e é esse abrigo que busca instintivamente.
Depois conheço quem passe a maior parte da vida buscando os seus próprios valores, tacteando apenas com o coração o que será melhor para si, contando apenas com o seu próprio instinto, sabendo por onde não quer ir, por ter percorrido já aquele caminho demasiadas vezes e saber que não é por ali que quer levar os filhos.
Às vezes viver sem estrelas-guia, sem conselhos sábios, sem recordações não é fácil. Mas pode sempre pegar-se na falta de mapas, de bússolas, de rotas traçadas com amor e tentar imprimir pontos cardeais nos filhos. Fazer de tudo para que eles sintam que sempre tiveram um lugar importante e não se limitaram a ser pedras no caminho da felicidade de alguém.
Não repetir os mesmos erros é a chave, mas uma chave que muitas vezes magoa ao ser rodada.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Tusa Artística Portuguesa



Nós somos merdosos em quase tudo é bem verdade, mas em termos de mentes criativas conseguimos sublimar a merdice, pois somos medíocres, medíocres a armar ao pingarelho, que é o pior que se pode ser.
É triste constatar que nem numa revista que vende gajas nuas classudas, conseguimos arranjar gajas com classe, mas mais triste ainda é julgarmos que enfiarmos Jesus Cristo numa capa de uma revista erótica é arte.
Sim ai que tusa que deve dar esta capa, ai o génio criativo por detrás desta ideia brilhante, ai tanta intelectualidade mal compreendida por pessoas um bocadinho broncas como eu.

Actifed Fede

A assoar narizes, é o título da minha vida nos últimos dias.
Primeiro o do António com Narinel até já não me restarem forças para puxar mais. Depois a Alice com febre, depois o meu próprio ranho com bastantes semelhanças a uma queda de água paradisíaca, só que sem a parte do paradisíaca. E finalmente, o ranho da Alice novamente em unissono com o meu.
Hoje em desespero de causa tomei um Actifed, apesar de saber a moca estranha que esse medicamento me produz no cérebro e foi definitivamente a coisa mais idiota que poderia ter feito com duas crianças em casa. Acho que tive alucinações e tudo. Entrei na cozinha e tinha loiça suja até ao primeiro andar. Fechei a porta e voltei a abrir, belisquei-me e ainda não percebi se alucinei, ou não.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quando me Olhas Assim

Quando me olhas assim, todas as equações de razão que fiz até hoje perdem o sentido e diluem-se nesse teu olhar pequeno, mas firme.
Quando me olhas assim, do fundo desses olhos ternos, sei que todas as contas que deitei à vida antes de ti jamais me dariam esta resposta.
Quando me olhas assim, tenho a certeza agridoce que antes de ti não era ainda completamente eu, que precisei da tua presença para ser esta pessoa que tenta guardar-te.
Quando me olhas assim, os prós e contras que desenhei com afinco antes de te decidir, esbatem-se num único sentimento e sorrio com a tentativa de tantos em racionalizarem o que se sente.
Quando me olhas assim, a transbordar alegria por mim, fecho os olhos e tento reter-te, a tua imagem, o teu cheiro, o teu som, pois sei que, apesar de ser ainda eu, sou também um bocadinho tua.
Queria ter-te escrito dia 4 de Julho e dizer-te que estás connosco há 5 meses (e comigo há 14) mas sabes como tem andado a nossa vida aqui em casa, sem tempo e cansada´pelas rotinas de todos.
Hoje fazes 5 meses e 3 dias e é um dia tão bom como qualquer outro para te celebrar meu amor.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Marcha dos Pinguins

É tão bom quando tropeçamos em blogues com textos assim. É bom, porque é raro e as coisas raras levam tempo a encontrar, mas depois de entrarem calmamente dentro de nós, num mar de palavras que nos fazem tanto sentido, é dificil voltarem a sair.
Gosto de partilhar convosco as minhas leituras de eleição, por isso aqui fica:

De uma maneira geral, no mundo ocidental - na concepção que nós, europeus, temos da 'ocidentalidade' - já serão poucos os que se casam por interesse. Ainda assim, continua a haver por aí muita gente presa a relações às quais só sobra a forma, porque estão há muito vazias de conteúdo.

A dada altura, na nossa vida, todos nós já experimentámos manter vivos os laços que nos uniam a alguém, pelo simples facto de acreditarmos - e nessas alturas acreditamos piamente - que é impossível uma coisa tão lógica, como estarmos junto 'daquela' pessoa, deixar de existir. Infelizmente, todos o sabemos - ou aprendemos, por vezes, aos trambolhões - a aritmética das emoções e dos afectos não é uma ciência exacta e nesta coisa dos sentimentos, dois mais dois nem sempre são quatro.

Um amigo e ex-colega contava-me há tempos o seu desaire [na altura] recente. Desabafava a sua pouca sorte e lamentava a falta de ajuda cósmica. Dei-lhe uma palmadinha nas costas e aconselhei-o a seguir em frente. Terá sido de pouco uso o "caga nisso e bebe a cerveja, que gajas há muitas", mas, nestes casos, o que é que de inteligente se pode dizer a quem acha que o mundo (o seu) está a desabar?

Em momentos de confissões sacramentais, fico sempre sem jeito e sem argumentos. Eu, que, de uma maneira geral, tenho opinião formada ou a formar sobre tudo e mais alguma coisa. Nessas ocasiões, olho para o meu interlocutor e julgo simplesmente inútil perder-me em argumentos que tentem convencer aquele sujeito, feito em merda, de que a vida é uma coisa bestial.

Hoje, por e-mail, o tal amigo voltou ao tema. Agora, sonhador, encantado e, de novo, apaixonado. Isso pôs-me a pensar.

Homens e mulheres são diferentes, mas, independentemente dos genitais que o Senhor nos deu, ser pénis ou vagina interessa muito pouco quando aquilo de que se trata é de entregas e devoluções.

O facto de aceitarmos, às vezes com leviandade, partilhar a nossa vida, de mão beijada, com alguém, é, à partida, um risco sujeito a consequências potencialmente desastrosas. A nossa geração, esta dos finais dos anos 70 e princípios da década de 80, tornou demasiado fácil o compromisso, sem se dar ao trabalho de o aprofundar. As relações, as que o chegam a ser, já o são antes de o deverem ser. Hoje eu já te amo, amanhã estarei a viver contigo.

Num ápice, viramos todos imperiais mal tiradas. Dentro do copo, só espuma, sem cerveja. À primeira adversidade, porque não criámos laços sólidos, questionamos tudo e destruímos as leis da física que, cinco minutos antes, tínhamos por universais. Pegamos no saco do lixo, damos um nó, dois e levamos para o contentor. No regresso, estaremos prontos para outra.

Felizmente, restam-nos ainda exemplos felizes, de gente que perdura no tempo. Conheço casais assim. Novos e velhos. Gente feliz e não apenas contente. Homens e mulheres que, com ou sem semelhança de género, não querem saber viver separados.

Uma relação é uma partilha: que não implica que cada parte se anule, que deixa espaço para a individualidade, mas uma partilha que se constrói, aos poucos, devagar. E será sempre uma ralação. Às vezes, estar com alguém, fazer por dar certo, é chato ao ponto de não apetecer mais.

Sou um aprendiz desta coisa que é viver. Aos disparates, conheço-os a todos. Já me anulei, já desprezei e já fui indiferente. Quis estar e arrependi-me profundamente de ter estado. Enganei-me na pessoa e enganei-me a mim próprio. Vivi num permanente estado de ansiedade. Nesse aspecto, tornei-me um homem mais adulto. Pelo menos, inspiro e expiro sem comprometer os batimentos cardíacos.

Escrevi uma vez que os meus pais são o meu modelo. Continuo convencido disso e os seus trinta anos de casamento feliz (complicado, mas feliz) são a prova de que estou certo. A minha mãe tem um feitio difícil e o meu pai é um homem solitário, com poucos amigos. Ele aturou-a e ela fez-lhe companhia. Não me contentarei jamais com menos do que aquilo que eles representam. O seu exemplo será sempre o meu guia. Serei paciente e persistente. Ainda assim, esgotadas todas as possibilidades, preferirei o caminho mais sinuoso, se assim tiver de ser, e tomarei decisões difíceis, se não as puder simplificar.

Mesmo que a tropeçar no meu pé 45, espero nunca me esquecer de como é que se ama alguém: ao meu jeito, no meu defeito e na minha ingenuidade. Por isso, obrigo-me ao dever de querer perceber a mesma verdade - e o mesmo presente - no olhar de quem estiver comigo, seja eu um jovem à beira dos trinta ou um sexagenário com bicos de papagaio.

Esta manhã, ao acordar, olhei para a mulher que amo e pensei o quanto ela é importante na minha vida. O quanto cresci ao lado dela. Naquele fragmento de tempo, revivi um sem número de momentos que partilhámos os dois. Nem todos felizes, muitas discussões e desentendimentos, mas sempre intensos. Os quilómetros que fizemos, a aventura em que nos metemos e as precipitações que protagonizámos. Não sei medir o tamanho do sentimento que nos mantém juntos. Não sei, se o pesássemos, se a balança estaria equilibrada. Talvez não. Não faço ideia onde estaremos daqui por uns meses. Contudo, ao vê-la despenteada, ainda a dormir, não me importei com nada disso. Limitei-me a recordar o seu riso, a sua irreverência, o seu feitio ainda pior que o da minha mãe e o quanto gosto dela quando me faz detesta-la.

Ao meu amigo, agora, não querendo estragar o momento, talvez lhe dissesse que até prova em contrário nos limitamos a viver apenas uma vez, o que, para lá do cliché, é motivo bastante para não perdemos tempo com quem não quer perder tempo connosco. Acrescentaria, porém, que o melhor é não pensar muito no assunto.

Crepitando

Estou completamente desfeita e derretida. Desfeita, porque o António esteve muito constipado e a Alice doente. Derretida, porque odeio calor, do fundo do meu organismo que o odeio sem contemplações.
Os miúdos ficam irritadiços, as nossas forças fogem para outro planeta, o cérebro perde a pouca genica existente, as noites são mal dormidas, as melgas atacam-nos porque deixamos as janelas abertas, os carros quando deixados ao sol transformam-se em verdadeiros fornos crematórios. Enfim, por muito que pense não consigo encontrar uma única coisa boa neste calor do inferno. Para mim 26 graus é mais do que suficiente para poder gritar que verão tão fixe aos quatro ventos.
Agora vou ali dar um grito histérico à janela e já volto. Se não voltar é porque os meus ossos estão a servir de churrasco aos cães da vizinha.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Mulheres Machistas

Pior, um milhão de vezes pior do que um homem machista, é uma mulher que padeça desse flagelo cultural. Então se for uma mulher supostamente moderna, jovem e cheia de ambições chega a ser bizarro ver a contradição entre aquilo que aparenta e aquilo que realmente é.
"Ai que eu sou uma mulher tão moderna que até enjoo de boa! / Deixa cá ver isso querido, essas coisas não são tarefa de homem!" - Sendo que essas coisas incluem tarefas tão árduas como encontrar o pacote do leite no frigorífico.

domingo, 4 de julho de 2010

O que será que será

Será que daqui a um mês vamos ver o baby do CR7 de orelha furada com uma pedra de diamante?
Será que o bebé nasceu de pochete LV debaixo do braço?
Será que a Dona Dolores vai tomar bem conta do Cristianinho Júnior?
Será que a mãe do Cristianinho pediu uma soma avultada para prescindir da guarda?
E por último, mas não menos importante, será que existem fraldas Dolce e Gabana? É que eu não sei como é que a família vai fazer sem fraldas de grife.
Tanta dúvida que me atormenta neste dia do anúncio da paternidade. A maioria de nós, comuns mortais, anuncia a futura maternidade/paternidade, mas ele é muito à frente e poupa-nos 9 meses de expectativa, ele diz que já foi pai, mesmo antes de sabermos que ia ser.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Sopa da Pedra

Depois de ler o conselho da ministra da saúde para combater a crise e de sentir que se debruçou profunda e estudiosamente sobre o assunto, rodeada de pareceres técnicos e artigos publicados sobre a matéria, fico aliviada.
Um alívio profundo, daqueles que arrepiam e comovem, por me saber protegida pelos que tomam conta da gestão do meu país.
Os nossos ministros são o creme de la creme da Europa, quiçá até do globo em matéria de combate à crise e penso que poderão partilhar com os seus pares esta bomba atómica, que usada com ciência e método, combaterá não só o flagelo económico como os níveis de colesterol da humanidade.
Quando a ministra da saúde nos diz para fazermos sopa em vez de comermos fast food a fim de darmos um pontapé na crise, sabemos que o dinheiro gasto a pagar o ordenado destes craques políticos foi certamente o mais bem empregue de sempre e temos a certeza interior que em casa dela só se come sopa da pedra, mas daquela pedra bem grande.

A Nossa Casa é Onde Descalçamos os Sapatos



Os pares azul escuro e encarnado mantêm-se do mesmo tamanho, apesar de os donos terem crescido muito por dentro, um novo par cor de rosa para uns pés que cresceram dois números e o par minúsculo para alguém cujo coração bate acelerado de cada vez que avista os donos dos outros sapatos.
Está assim a nossa casa, com 4 pares de sapatos e 4 corações a transbordar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Eu, uma dona de casa (quase) perfeita

Depois de ter sido convencida por uma gestora doméstica de alto gabarito que fazer um menu para a semana inteira é coisa para resultar em cheio, entre risinhos de gozo comigo própria por tentar ser uma Martha Stewart portuguesa e cantilenas tradicionais, pus-me a abrir armários, congelador e afins e a escrever uma lista com os pratos que iria confeccionar durante os vários dias da semana.
Por ter gozado aqui com as donas de casa perfeitas me penitencio, me chibato, me espanco. Esta merda resulta.
Em vez de perder metade do dia a decidir o que é que vou fazer para o jantar, sair para o supermercado com uma receita na cabeça e voltar com dezenas de compras inúteis, eis que tenho a coisa decidida com antecedência e sem ter que sair porcaria nenhuma, pois tudo foi pensado com os ingredientes que já repousavam cá em casa.
Também deu para equilibrar a coisa com peixe num dia, carne no outro, leguminosas, atum, enfim, cada dia uma variedade diferente.
Comovi-me com esta dica genial, a sério que sim.
A partir de agora tentarei fazer sempre um belo menu semanal que isto de ser imperfeita, planeando tudo à ultima hora e sofrendo com dúvidas, atrás de dúvidas afinal dava muito mais trabalho do que ser perfeita.
Já só me falta uma bata, uma chanata, uma rede na cabeça e qualquer dia até pão confecciono em casa.
Lá, lá, lá, lá, lá.