terça-feira, 29 de março de 2011

Para Todos os (bons) Pais

"Porque as coisas, felizmente, estão feitas de uma maneira que chega o dia em que a criança percebe que o pai também tem uma função na sua vida, que é protegê-la. O pai é o guarda armado do seu sono, o defensor da casa e o matador dos monstros e dos perigos. Por isso ela precisa do pai em casa, para a proteger, a si e ao seu mundo.
Mas não é apenas o filho que precisa de sentir que o pai o protege: É o próprio pai que precisa disso, porque o seu instinto assim o reclama. Conheci um pai divorciado, que todos os dias, às 4 da tarde, largava o trabalho e ia espiar a saída do filho da escola. Para não criar problemas com a mãe e não colocar o próprio filho numa situação embaraçosa, nunca se deixava ver. Limitava-se a ficar emboscado à distância, dentro do carro, e seguia-o à distância, enquanto ele caminhava a pé para casa.
E depois voltava para o trabalho, em paz consigo mesmo. Um dia, jurei a mim mesmo, hei-de encontrar este filho já crescido e vou contar-lhe o que ele não sabe, mas que o pai merece que ele saiba."


Acabei de abrir uma pasta muito velhinha, cheia de recortes de jornais, revistas, artigos de vários jornalistas que venerava quando era mais jovem.
Adivinhem lá de quem é este artigo (ainda continuo a venerar a sua escrita).

sábado, 26 de março de 2011

X e Y

Não sou grande fã de comparações entre dois filhos, mas é inevitável não reparar nas diferenças entre uma miúda atinadinha, bem comportada, calma e concentrada e um baby destemido, que se larga e tenta andar quando me vê e cai de testa no chão, várias vezes ao dia.
Enquanto a baby miúda ficava horas a olhar o baby tv, o baby miúdo, pensa que as imagens na televisão são botões, onde ele tem que tocar com a mão inteira.
Enquanto ela gostava de virar as páginas dos pequenos livros, ou empilhar coisas, ele gosta de lamber os vidros das janelas e, mais recentemente, lamber a parte de dentro da porta da máquina da loiça.
E pronto, era só isto.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Qual é o segredo delas?

Porque é que, quando a Angelina Jolie, a Jennifer Aniston, ou a Heidi Klum (não sei se os nomes estão bem escritos, pois tive preguiça de confirmar), saem de casa para irem comprar ovos à mercearia, ou ao talho da esquina encomendar rolo de carne com recheio de chouriça, ou buscar os putos às danças de salão. Apesar de envergarem os trajes mais desportivos e descontraídos do planeta, parecem sempre frescas e maravilhosas? Com aquele bom aspecto invejável.
Olha que linda que ela está de téne roto, t-shirt manga cava branca e calça de ganga desbotada.
Exijo saber esta bosta. Já que eu, de cada vez que saio, para empreender uma das tarefas acima descritas e me esqueço de mudar de roupa (sendo que a minha roupa ultimamente, é a de uma gaja com putos doentes, que mal sai de casa), além de encontrar sempre alguém que não queria encontrar, pareço apenas aquilo que sou:
Uma gaja vestida como se tivesse estado a pintar a casa.

Saber Mandar

É das tarefas mais difíceis de conseguir.
Saber temperar uma crítica com um elogio.
Saber repreender, sem ofender.
Conseguir pôr alguém no seu lugar, sem perder as estribeiras, nem entrar em histerismos.
Dar ordens, sem gritar.
Respeitar, sem se subjugar, nem vergar demasiado a espinha.
Não perder a humanidade, apesar de tudo.
Respirar fundo e tentar sempre saber da vida dos que trabalham para si, não mostrando indiferença, perante as nuances de cada um.
Se há pessoas que nasceram para chefiar, outras há que, quando se apanham com poder na mão, perdem a pouca humildade que possuíam e deixam-se embebedar pelo poder.
Foda-se, que não deve ser fácil. Mas, na minha modesta opinião, estas são algumas das coisas que distinguem um bom chefe, de um chefe sem nível.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Coisas que Fui Apre(e)ndendo

Não é o que se diz que importa. O que interessa mesmo é a forma como se diz, a quantidade de segurança que se imprime ao exprimir um pensamento. Isso sim, é o truque do sucesso.
Há pessoas com tamanha dose de segurança ao exprimirem uma ideia, que mesmo que digam a maior barbaridade do mundo, aquilo soa certo (pelo menos ao ouvido mais superficial).
Nunca vos aconteceu, perguntarem a alguém, onde é que é uma certa rua e esse alguém, apesar de não fazer a mais pálida ideia, vos manda para a direita, depois rotunda, depois esquerda e em frente, até vermos um prédio rosa às pintas? Só para não dizer que não sabe o caminho?
Pois é, o mundo está cheio de malta de peito cheio, emproada, a arrotar segurança, cheia de si. Só que, escarafunchando um bocadinho mais, o que descobrimos é uma mão cheia de nada.

sábado, 12 de março de 2011

Portugueses Pelo Mundo

É o meu programa preferido do momento. Caraças, não perco um e adoro.
Há cerca de duas semanas atrás foi no Japão e, além de ter visto um bar com um Japonês a cantar o fado, percebi também que aquela malta civilizada e tranquila, encara o trabalho como o caminho para o paraíso, enquanto nós, aqui no rabo da Europa, portadores do gene entranhado do catolicismo, o encaramos como castigo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tesouros



Carregas sempre contigo um saquinho, malinha de rodas, mochila, para onde quer que vás. Nunca percebi bem porquê, esta tua necessidade de levar qualquer coisa nas nossas saídas, ou a mochila praticamente vazia para a escola, mas é como se ali dentro fosse o teu conforto, um bocadinho da nossa casa.
Ontem, espreitei para dentro do pequeno saco que quiseste levar para o trabalho do teu pai, quando vos fui lá deixar e descobri, que achaste fundamental levar:
-Uma luva transparente de plástico da bomba de gasolina
-Um atacador de sapato
-Uma folha de papel amarela
-Um lápis
-Uma peça de lego
E não sei porquê, provavelmente, porque sou uma irremediável patética, apeteceu-me agarrar no teu saquinho e guardá-lo, como um tesouro meu, daqueles que se enterram, como uma cápsula do tempo e se re-descobrem mais tarde.
Apeteceu-me guardar-te assim, enquanto os teus tesouros são estes.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sem Tempo

Estou cada vez mais convencida que o nosso nível de desgraça interior, está directamente relacionado com o tempo que temos em mãos.
Se o tempo sobra, aí vem a divagação, a neurose, o drama, a defesa em nome próprio até que a vista turve, o aprofundar e escarafunchar da parte de dentro das coisas, até ao osso.
Quando o tempo foge, pensamos nas melhores formas que temos de fintá-lo e pouco mais.
Penso que tenho que fazer cócegas e cutchi, cutchi ao António e mostrar-lhe que estou aqui, ler uma história à Alice sem adormecer pelo meio, fazer o jantar e arrumar o chalet desmazelado. Juro que não sobra para mais nada.
Isto para vos dizer que comecei a trabalhar.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Depressão Cultural

Ontem fomos ao Museu de História Natural e ao Jardim Botânico.
Se há coisa que me deprime a valer é perceber o pouco que é investido na nossa cultura. E não falo de Teatros, nem Cinema, falo de coisas básicas como Museus.
É triste ver o Jardim Botânico completamente degradado, com edifícios ao abandono.
No Museu de História Natural, a pobreza total. Até as televisões que passam documentários, são velhos caixotes dos anos 80.
Nota-se o esforço para fazer alguma coisa decente com poucos meios, mas nestas merdas é muito difícil não ficarmos com a sensação de que ali há pouco, muito pouco para o que poderia haver.

domingo, 6 de março de 2011

Juízos de valor, quem os não tem.

Eu sou uma pessoa pensante e, como tal, emito juízos de valor a todo o instante, ou se não os emito, projecto-os no meu interior. Tenho valores, não sou amoral, é humano que o faça. Portanto, é apenas humano ter uma opinião quanto a determinado assunto, sendo que o aborto é um assunto sobre o qual temos que emitir juízos, é impossível não o fazer, é estranho não o fazer.
Há duas situações muito claras e que, quanto a mim, nada têm que ver:
Partindo do pressuposto que temos duas mulheres com o mesmo grau de escolaridade e informação.
- Uma mulher grávida de 3 meses que planeou, projectou e desejou a gravidez, perdeu o bebé.
- Uma mulher grávida de 3 meses que:
Não ficou grávida porque se rompeu o preservativo, porque a pílula falhou, porque a pílula do dia seguinte não resultou, porque o namorado não se revelou um filho da puta que fugiu para a pqp. Enfim, engravidou porque se esqueceu que podia engravidar quando copulava e decidiu correr o risco e até se esquece uma e outra e outra vez, repetidamente.
Nenhuma das duas deve ser criminalmente penalizada é ponto assente na minha óptica.
Mas que uma delas tenha direito a um subsídio e a outra não, é a minha opinião também, porque (e não me venham com merdas) não é a mesma coisa.
Tal como não é a mesma coisa eu atropelar alguém intencionalmente, ou atropelar alguém que se atirou para a estrada. Não é a mesma coisa eu dar um soco em alguém por legítima defesa, ou dar um soco em alguém porque estava de mal com a vida.
Enfim, a nossa legislação está pejada de valorações que fazem variar a pena a aplicar, ou o grau de culpa, ou incúria com que se praticou um acto.
Porque é que eu não hei de valorar e achar diferente uma mulher que aborta 15 vezes só porque sim (todos os abortos pagos pelo contribuinte, se entender recorrer ao SNS) e uma mulher que aborta espontâneamente?
Há realmente alguém que ache a situação idêntica?
Ah e como nota de rodapé, eu votei Sim à despenalização, mas voto NÃO a que a situação seja premiada com um subsídio.
Porque ninguém é a favor do Aborto (nem mesmo os que votaram sim, como eu). Mas há de facto pessoas que o encaram com uma ligeireza que me angústia.
E, apesar de não ser subsídio-dependente, pode chocar-me terem cortado os abonos de família aos milionários com mais de 600 euros por mês e não terem abortado o TGV, ou atribuírem subsídios de maternidade a quem aborta por livre e espontânea vontade, equiparando-os aos abortos espontâneos, ou a quem tenha tido efectivamente um puto com todas as despesas inerentes.
Se olharmos para a Suécia (país com uma elevada taxa de Natalidade), onde o apoio do estado a quem tenha putos é total, vemos que o desenvolvimento de um país, se mede também pela forma como se encara e se incentiva a maternidade.
E é este o meu juízo e o meu valor sim e nem percebo do que tenho que me envergonhar.

sábado, 5 de março de 2011

Abortem-se vocês

Adorei ficar a saber da existência de um subsídio de maternidade atribuído a quem, voluntariamente, decide abortar.
Eu tenho dois putos nascidos e em fase de criação e fiquei sem abono de família, sem uma parcela do ordenado paterno, pago mais pelo pão que lhes meto na boca, não posso deduzir tanto no IRS como podia.
Eu passo recibos verdes, pago o cú e as calças para a Segurança Social para nada, porque não tenho direito a nada, quando chega a hora da verdade.
Mas o governo é querido, fofinho até, e decidiu lembrar-nos que nascer em Portugal é uma merda, vai daí oferece um subsídio a quem decida que não quer trazer ao mundo mais um futuro enrabado. É que isto de fecundar o povo também deve cansar, por isso é bom que se trave o nascimento de mais povo.