terça-feira, 9 de agosto de 2011

Em Memória da Memória

Dizem que, quando as pessoas morrem, as divinizamos. Ficam perfeitas. Todas as curvas apertadas de carácter se esbatem, todos os erros cometidos em vida se amenizam, todas as atrocidades levadas a cabo se relativizam e aquela pessoa, relativamente intragável em vida, é agora santa.
Dizem que, quando as pessoas morrem, se transformam numa espécie de livro, onde só os capítulos com as passagens bonitas permanecem e são lidos com solenidade.
Eu cá acho que não é nada disso.
Acho que, quando alguém importante parte dos nossos dias, as coisas más permanecem sim. Mas o mais incrível, é que começamos a sentir saudades dessas coisas que tanto nos aborreciam.

4 comentários:

Naná disse...

Acabaste de descrever o que sinto em relação ao meu pai... No meu caso, as coisas más proferidas sobre e contra mim, desvaneceram-se e a sua mera existência é apenas uma sombra no meio de uma vida em que ele me deu muito amor e carinho. Sim, por vezes lembro-me de desaforos e coisas menos agradáveis. Mas às vezes sinto falta dele sempre em cima de mim a pôr defeito em tudo o que eu fazia e a criticar-me constantemente por ser muito impulsiva e arrebatada!

Lídia Borges disse...

Penso que sim!... Um livro em que os capítulos mais escuros se diluem nas dobras da memória.

L.B.

gralha disse...

É isso mesmo. Com as pessoas que morrem e com os amores que morrem.
(olha, e mais vale assim)

Dina disse...

Gostei muito deste post... Fiz link no meu blogue, espero que não te importes...