quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A propósito da Frida Kahlo

Não aprecio particularmente quadros que a minha filha pequena conseguisse pintar.
Gosto de sentir que nem num milhão de anos, conseguiria pintar uma merda daquelas. Isso sim, faz-me ficar especada em frente de uma qualquer manifestação de engenho alheio.
Ah, a arte é para fazer pensar, vamos pôr um par de luvas e um rolo de papel higiénico em cima de um banco e dizer que é arte. A malta vai adorar, vai reflectir sobre a conjuntura da reciclagem do papel e a simbologia da luva no pensamento contemporâneo. Não é para mim. Desculpem lá, mas aqui a grosseira e ligeiramente labrega pessoa, gosta de outro tipo de cenas.
A Frida Khalo, mesmo antes de saber alguma coisa sobre o significado tão pessoal das suas pinturas, sempre me meteu um bocadinho de medo. A sua imagem dura, os seus quadros agressivos, aquilo não seria para pendurar na parede de uma casa minha, pois era a história dela. Sempre pintou mais para si, do que para os outros.
Mas este quadro, ontem em particular, disse-me muito. Apesar de não querer dizer nada daquilo que senti ao olhá-lo, achei que pertencia ao meu momento.
Estavam ali as duas Anas e uma rompia com a outra. Uma ajudava a outra a superar-se a si própria. Uma esvaziava-se e outra se enchia.
Um bocadinho esquizofrénico, sim, mas ontem a arte, esta arte, fez um bocadinho parte do meu dia e eu tive que me render às evidências:
A arte pode ir além da técnica, sim. A arte pode fazer-nos pensar.

6 comentários:

Irina A. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Irina A. disse...

És uma gaja cheia de dignidade e acabaste de atestar o teu pote da dignidade mais um bocadinho.
Eu bem sei a importância que tem a nossa dignidade. Fico muito feliz por seres tão cheia das tuas certezas, das tuas convicções, dos teus princípios e da tua personalidade. És grande, gaja!

Kitty Fane disse...

Eu acho que todas as mulheres em qualquer momento da sua vida se identificam com a Frida Kahlo. É, sem dúvida, a minha pintora favorita, e, como se não bastasse, com uma história de vida interessantíssima. São pinturas de dor, sobretudo.

Melissa disse...

A arte tem de nos fazer pensar, se não é só decoração/vómito :)

Bem-vinda de volta, Ana 2. Ou 1.

gralha disse...

Eu gosto de arte que me toque, ponto.
Se a auto-transfusão sanguínia caseira é a tua praia, quem somos nós para contestar? :) bjs

gralha disse...

Não é assim que se escreve 'sanguínia', pois não? Sanguínea. Ah, assim está melhor.