quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Todas as nenhumas certezas do mundo

Fico sempre fascinada quando leio pessoas transbordantes de certezas, seguras de si e do seu futuro. Pessoas que sabem exactamente o que desejam para si e para os seus e que não se desviam um milímetro. Pessoas plenas de maternidade, de conjugalidade, de genialidade e outras tantas palavras que poderia inventar, terminadas em "ade".
Mulheres bem resolvidas (o que é que elas resolveram?), com maridos saídos de um filme da Disney, putos que não dão um pum, nem produzem ramelas e vidas com drama estrategicamente colocado nas entrelinhas, só para parecer real e suscitar algum compadecimento geral.
Eu também já fui assim, tinha resmas de leis e certezas não sujeitas a excepção. Sabia o que queria e o que não queria, até começar a viver fora do guião que tinha escrito para mim.
Quanto menos se vive (em todos os sentidos), mais leis não sujeitas a revisão se constroi.
Eu lá aprendi que o melhor é ir metendo plasticina nos meus planos e ir fazendo ginástica para aprumar os músculos que sobem e descem, ao sabor da vida.
Porque a própria vida, meninas e meninos, é a primeira a tramar-nos o esquema.

7 comentários:

Unknown disse...

O que seria da nossa vida, sem duvidas ou incertezas... Uma seca, provavelmente. Mais importante que tudo, é termos um feliz Natal, um feliz dia 26 e todos os outros que se seguem...

Beijinho

ADEK disse...

E não é propriamente contextualizado no post, mas deixo por aqui votos de Boas Festas;)

Miguel disse...

E eu que o diga! Eu que sempre disse que não emigraria nunca...
Mas enfim, admitir que o rumo da nossa vida não nos pertence a 100% é mais um passo para a maturidade. E para a felicidade!

(já agora, responder aos mails dos amigos emigrados é fixe...)

;)

triss disse...

Nós fazemos planos e Deus ri-se.

Cláudia disse...

Só agora ao ler isti é que me recordei que essas "leis e certezas não sujeitas a excepção" até eu já as tive; entretanto a vida encarregou-se de me ensinar que fazer planos era uma pura perda de tempo...tem vindo a trocar-me as voltas como a ninguém e a ensinar-me que ainda bem que assim é porque me tem dado coisas que eu não ousaria sequer pedir!
E que aquilo que aos olhos da maioria não vale um chavo faz da minha vida uma sucessão de dias maravilhosos - o que não significa obviamente isentos de contrariedades, muito pelo contrário!

Raquel Ribeiro disse...

O que eu adorei este texto!

Catarina disse...

Todos nós detemos uma arrogância inerente à nossa própria juventude, repleta de certezas que, tantas vezes, não se vão cumprir. Depois crescemos. Percebemos que os "nunca", quase sempre, se transformam em "talvez" e que a vida deixa mesmo de ser preto e branco.